quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

RUAS MORTAS


Ruas mortas, noites nuas
De sereias a cantar
Suas vozes qual faluas
Meu sono vem abraçar
É então de círios cerrados
Que vejo pratas, ouros,
Diamantes lapidados
Em quilha de tentação…
Só tu me faltas,
Seguro corrimão
Orvalho de lírios molhados,
Bordados… por fadas mãos.
Corro petrificada num grito
Ao teu encontro bendito.
Em vagas vãs de ilusão
Tranco a porta do meu barco…
Em soluços acordados,
Desperto meus sentidos
Tão frágeis, tão perdidos…
Abro a escotilha do meu sonho
Escancaro essa paixão que brilha
Na Sombra da parede onde
Pendurada está a foto de tanto amar
Qual relíquia, velha ruína
Aspirando nascer pó mágico encanto…
Em verde e florida colina
No entardecer da alvorada
Quando as lágrimas do mar,
Constroem um trilho.
Secreto caminho para a duna porão
Do meu navio de amar
Solto as amarras, levanto âncora
Da noite que se levanta,
Ao nascer-cair do dia
Onde eu timoneira, no horizonte
Continuo a navegar sem destino!!!


By: Dinah Raphaellus

GÁRGOLAS


As gárgolas sem compaixão,
Horrendas, frias e feias...
Envoltas por solidão,
Prendem-me em suas veias.
Sem predicados ou versos,
Só teias...que num
doce cipreste a balançar,
Embalam-me suspensa
em epopeias.
Castradas de rimas a rimar
Suadas de amor por amar,
Sol aberto, vento a discursar
À luz tosca de candeias...
E no fresco verde a chilrear,
Pintam o canto exalado
E gemido por sereias.


By: Dinah Raphaellus

E' DIA SANTO NA MINHA ALMA!!!




E' dia santo na minha alma,
As janelas tenho ja’ dependuradas
Colchas de damasco e brancas velas
Que na negrura da noite
Iluminam o meu quarto.
Ouve-se a musica dos passos,
Procissao pesada de sentimentos
Concentracao do espirito,
Libertacao de lamentos...
Assim tao solemente demonstrados.
Sente-se o perfume, petalas do chao a levitar
Onde eu me perco e mesmo o meu olhar
Apenas se desvia para o pendao,
E os andores deixar passar,
Pesados no seu deslizar, aqui e ali tropecam
No seu desengoncado caminhar
Ate’ as pedras da calcada choram de dor
Pelo pesado palmilhar,
numa declamacao de amor
entre a terra e fogos fatuos.
Meu estro assim rendido,
Quase que fica assim convertido
A’ tristeza desta procissao a passar.
E a’ laia de bandido lanca um beijo
De lagrima, perdido, na multidao
Sozinha... orando sem rezar!!!

By: Dinah Raphaellus

AINDA QUE A CHUVA CAIA!!!


Ha’ luz ha’ sol dentro de mim
Ainda que a chuva caia
Varanda luar de jardim
Obelisco exotico em templo Maia.
E nessa restia mistica
Nuvem Ceu, veu de nevoeiros
Perco-me em tal guerra sismica
De rochas, terra, pedreiros
Neves alvas da manha, onde
Granizos perfumam alvoradas
Furacoes lavam paradas,
Em sinfonias de tempestade
Noites parem almas penadas
Dias abrem covas douradas
Para mortes de ninguem
E ate’ o sonho fica aquem
Dos raios desta balada
Ha’ luz ha’ sol dentro de mim
Ainda que a chuva caia!!!


By: Dinah Raphaellus

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

A CAMINHO DE FATIMA.




Ao longe os cumes cegos
onde nao vejo, mas adivinho
Animais pastando prados,
Pastores rezando credos
e moçoilas tecendo linho.
Ao longe, a ausencia de verdura
Lembram desertos orfãos
na fartura de vazias colheitas
de vindimas que ja' não são feitas.
Ao longe...pastagens de serradura
e ainda a brancura no pasto
Que de olhos bastos,
Me emprestam uma visão
Que de olhar nao me farto...
videiras, cachos fartos,
pesado liquido de Baco,
A' espera do pisar da uva.
Ao longe não esqueço...
Do longo e forte abraço
Do Sol ao nascer, beijando
a Serra, com seu melaço.
e o cheiro do seu traço
Desmaiando no terraço
Lembra ja' essa terra Santa
Abençoada pela Lua...

Dinah Raphaellus
(a caminho de Fatima)

FECHEI A PORTA DO TEMPO.


Fechei a porta do tempo
e entretida bisbilhotei

as gavetas do esquecimento
desbotadas de rosa velho.
de tudo encontrei:
espelhos de dourada poeira,
lustres da cegueira,
de homens enganados.
Que transformados,
gritam diplomas, acetinados
de cera lacre e finas
fitas adornados.
Que mais parecem
pobres quadros,
despidos de tintas,
Pintados por poetas,
tosquiados de engenho,
excentricidade colorida,
De falsos e pudicos artistas
Deste mundo cego!!!!

Dinah Raphaellus

REQUIEM!






Com lancas de fogo
me esquartejei
De manto veneno
cobri meu corpo
Minha alma
para sempre amortalhei
Minha vida...
expiro num sopro.
Esvaindo se vai
meu alento,
corredor sem tempo
neste mundo temporal
Onde me visto de mudo luto,
sempre atento...
Revolvendo o esquecimento
onde disfarco,
meu ser ja’ morto,
rodopiando no astral.
E uma chuva de lirios brancos,
Caiem sedentos...
afagando meu funeral.


Dinah Raphaellus

CHEIRO DE TI




Quando o cheiro,
de tua Luz,
por mim desce,
extasiada fico.
Cheia de prece,
qual mendigo
quando encontra abrigo.
E quando em sonhos,
aparicoes me falas,
em branco arminho
calas a saudade voz,
de estar contigo.
e' tal teu antidoto santo
que recobro-me de meu pranto
na sede de estar contigo.
Na amena praia
vestida de seda e cambraia,
flor de organza,
leve saia de maresia,
dancas feliz
no espaco do tempo,
e em sorrisos...
matas nossa fome
ao falares comigo!!!!

Dinah Raphaellus