terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PASSAGEM

Preferia a textura doce do tempo
Ameno à amarga bebida impura
Qual veneno invernal que nos dilacera,
Mutila qual morte escondida
Na esquina da espera, que astuta
Nos assalta faminta e nos devora
Com requinte de quimera, gárgola
Ou fera que brincando domina
A passagem ou era e como uma tinta
Nos apaga e ludibria, deixamos então
De pertencer à paisagem e o luar
Já não nos espera, só a noite escura
Nosso corpo ausente venera
Nas lágrimas saudosas da chuva
Perdida no esquecimento desértico
Do tremeluzir de uma miragem
Mas, o que é esta vida senão uma passagem?


Dinah Raphaellus

GRITO

A escuridão grita rosas
Negras no silêncio ferindo
As sonoras orquídeas
Amarelo laranja
Duma claridade ausente
De chuvas rubras.


Dinah Raphaellus