segunda-feira, 19 de abril de 2010

JARDINS DE PÁSCOA


Jardins de Páscoa enfeitam
esta aura que insisto em
trazer comigo, venda e mordaça
com que castigo este corpo
cada vez mais antigo
florindo desmaios
em cada postigo que passa
tecendo dor em cada violeta
que nasça e só a custa espera
o momento que atrasado
tarda em mudar a hora
parada que não chega
nem abraça o estro cativo.


By Dinah Raphaellus

OLHOS MÍSTICOS

Místicos olhos percorrem
as ladeiras encrustadas
de limbos na minha alma.
São pérolas negras, veias, sedas
aveludadas de escarlate carmim.
E nos rosários de cordas formam-se
nós excêntricas obras,
talismãs de marfim, onde
as feras despidas de modas
amordaçam meu corpo,
a terra em trovas e resgatam
meu estro por fim.

By Dinah Raphaellus

BRUMAS


Brumas, brumas de claridades roxas iluminam
o palco desta minha desperdiçada vida
tão intensa de desejo de ser concretamente vivida,
tão curta de tempo e tão consumida!
Quero ser Eu! realizado ser! Em vez da sombra, ténue
silhueta, espírito astral enclausurado entre dois mundos
sem saber sequer qual deles é o real.
Quero voar, asas abertas ao vento da vida
e não abraço fetal de despedida com vontade
de ser espuma mar. Quero alto sonhar, sem sentir culpas
nem penas, sonhar por uma vez sem catapultas ou arenas
sonhar, viver antes que meus olhos se fechem e meu estro queira
desenfreado correr, correr, correr....

By Dinah Raphaellus