quarta-feira, 4 de agosto de 2010

GOTICULAS DE VELUDO



O silêncio tece gotículas
Surdas de veludo
Com que me visto nua;
Pegadas lúgubres
Que sigo pretas de xisto,
Como marchas fúnebres.
Meu corpo pesado arrasto
Comigo, não sei se existo
Ou extingo, apenas sigo
O que nem eu já sei,
Talvez a pena cinzenta
Que do nada nasceu
Em minhas mãos magoadas
–Mensagem de anjos ou demónios–
Leve, indecifrada,
Enigma perdido entre meus dedos
Como pequenos grãos
E os mortais continuam como
Se nada se passasse, cegos,
Alheios ao que deveriam ver.
Lutas de nada nunca vencem,
Perdem-se no vazio do nada
E transformadas em pó
Para sempre desfalecem.
Acordem, ouçam o nascer
Da alvorada, sintam o sorriso
Pálido da lua, guardem o beijo do mar...
Acordem! Esta vida só se despe
Quando está nua de chuva e trovoada
Por acordar ou quando, caiada de branco,
Se juntam as ondas e a areia vai beijar.



By: Dinah Raphaellus

2 comentários:

xistosa, josé torres disse...

"Lutas de nada nunca vencem,
Perdem-se no vazio do nada"

O ser humano é muito mais "desumano" ...
Nem consegue ver o mar espraiar-se e vir mansamente roçando a areia.

Uma boa semana

sevejocosilva disse...

Está chovendo lá fora, é um la fora tão perto que a janela aberta me faz sentir as gotículas de chuva. Foi isto o que me lembrou vir aqui e ouvir a música que aqui está sempre disponível e que me enleva, me faz um bem que não sei exolicar.É "the silk road" kitaro e a pergunta fica: onde andará você que nunca mais escreveu, que nunca se faz sentir presente.É somente a música que a faz aqui estar.Espero que esteja bem, com saúde e em paz como esta música que agora ouço, e que para mim é você. Você que é mistério, poesia e como a chuva, que lá fora continua fazendo a sua música, aqui eu ouço você. Vou ouvir mais um pouco...